MAESTRO do 4ºBPM ensina a jovens carentes |
Uma cena inusitada pode ser vista no Morro Bom Jesus, uma das áreas mais carentes de Caruaru, marcada pela violência e pelas drogas. Policiais militares, que geralmente só chegam ao local em operações de repressão, estão ensinando música a crianças e jovens da comunidade, proporcionando novas perspectivas para meninos e meninas que veem na arte um caminho de vida. As auIas são ministradas por integrantes da' banda do 4° Batalhão da Polícia Militar.
As aulas de música fazem parte do projeto Policiar, Musicalizar, Proporcionar Expectativas, uma iniciativa da PM que conta com o apoio de entidades como a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic). As aulas tiveram início o mês passado e, apesar do pouco tempo, os alunos já ensaiam os primeiros acordes. São 71 estudantes de seis a 16 anos, estudante das escolas Guiomar Lira e José Florêncio Leão, localizadas no Morro do Bom Jesus.
Segundo integrantes do projeto, muitos são filhos de presidiários ou têm a família desestruturada pela violência e pelo uso de drogas. O projeto que está abrindo novas perspectivas para meninos e meninas é uma, iniciativa do comandante do 4º Batalhão da Corporação, coronel Gilmar Oliveira.
Ele trabalhava no Recife e tinha a ideia pronta para ser aplicada na comunidade Roda de Fogo. "Quando fui transferido para Caruaru, resolvi implantar no Morro do Bom Jesus, uma área muito carente. Só o fato de eles estarem aqui, com instrumentos nas mãos, já é uma grande mudança", pontuou.
APRENDIZADO - O subtenente e maestro Joel ensina crianças a tocar instrumentos a partir de um sistema de muita disciplina às sextas-feiras, pela manhã e à tarde, em uma pequena igreja, espaço cedido pela Diocese, parceira da iniciativa. Quem estuda em um turno, frequenta as aulas no outro horário.
“A música foi o caminho encontrado pela PMPE para tentar livrar os jovens' das drogas, um destino muito comum na comunidade, que geralmente leva à prisão ou à morte” disse o maestro e policial militar.
"Tem aluno que chegou a passar mal por causa da abstinência do uso de drogas. Outro, com 12 anos, já havia sido apreendido com um revólver. Foi difícil convencer os pais deles a deixar os filhos com policiais", contou a líder comunitária Maria da Paz Alves, 49, integrante do projeto.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO