CARUARU Segunda cidade em Pernambuco com maior número de acidentes envolvendo motocicletas, Caruaru conta agora com ações coordenadas por um Comitê Regional de Prevenção de Acidentes de Motos. Ano passado, o município registrou 30 mortes causadas por colisões envolvendo motocicletas. A meta do comitê, que também abrange 32 cidades, é reduzir em 6% ao ano esse índice. No Hospital Regional do Agreste (HRA), as vítimas desse tipo de acidente representam mais de 70% dos pacientes que dão entrada por acidentes de trânsito.
Em Pernambuco, o município só perde para o Recife em número de acidentes de motos. Dos 118 mil veículos registrados na cidade, 43 mil são motos, diz o coordenador do Departamento de Trânsito (Detran) em Caruaru, Joaquim Queiroz. Segundo ele, que faz parte do comitê regional, as ações para tentar reduzir este número se baseiam em abordagens e fiscalizações de caráter educativo e punitivo.
Uma das metas dos comitês regionais é a municipalização do trânsito, com o objetivo de intensificar a fiscalização. Também são realizadas palestras educativas em escolas, geralmente com a participação de vítimas, convidadas para falar sobre o seus casos.
Nós temos reunião periódicas, a cada 15 dias. Fazemos um diagnóstico com o Hospital Regional do Agreste, que nos fornece informações importantes, tais como os dias em que acontecem mais acidentes e as localidades, diz o coordenador do comitê regional, Adjair Ferreira. Segundo ele, as notificações em Caruaru indicam que 49% dos motoristas beberam antes de dirigir.
Além de provocar muitas mortes, as colisões com motos são conhecidas pelas graves sequelas físicas e psicológicas. No Hospital Regional do Agreste, a maior parte dos pacientes vítimas de acidentes no trânsito estava em moto. Isaelson Pereira da Silva, 19 anos, é retrato de um drama constante na unidade de saúde. Morador de Brejo da Madre de Deus, cidade vizinha a Caruaru, ele corre o risco de ter a perna esquerda amputada, devido aos graves ferimentos decorrentes de uma colisão ocorrida na madrugada do último domingo. Um carro bateu em mim por trás e fugiu sem prestar socorro, contou.
Em outra enfermaria, o índio Tarcísio Luiz da Silva, 43, também se recupera de uma batida, que resultou em fratura exposta na perna. Há 15 dias, a moto em que ele estava foi atingida por um carro na rodovia que liga o Centro de Pesqueira à Vila de Cimbres, também no Agreste. Com a batida, a gente voou da moto. Meu amigo também ficou ferido, detalhou.
ECONOMIA
O impacto econômico causado pelos acidentes de motos também é grande, principalmente no sistema de saúde pública. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em Pernambuco, o custo de inter-nações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 1.286% de 2008 a 2011, passando de R$ 184 mil para R$ 2,5 milhões. O número de mortes também aumentou no Estado, passando de 372, em 2008, para 634 óbitos em 2010.
O Comitê Regional de Prevenção aos Acidentes de Motos é coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde e é integrado por vários órgãos, como o Detran, Polícias Militar e Rodoviária Federal, Autarquia Municipal de Defesa Social, Trânsito e Transportes de Caruaru (Destra), Secretaria Municipal de Saúde e entidades da sociedade civil.